
Ganhos extraordinários das renováveis vão financiar controlo do preço da eletricidade, diz António Costa
O primeiro-ministro português, António Costa, afirmou ontem durante o debate sobre o programa do Governo, que o controlo do preço da eletricidade na Península Ibérica será financiado pelos ganhos “extraordinários e inesperados” dos produtores renováveis, sem criar défice para clientes, noticiou o Observador. Recorde-se que Portugal e Espanha propuseram à Comissão Europeia a imposição de um preço máximo de 30 euros por megawatt/hora (MWh) para o gás usado na produção de eletricidade “obriga a que sejam as produtoras de eletricidade com base nas renováveis” a financiar a diferença.
De acordo com o mesmo meio de comunicação, António Costa respondia à líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, garantindo-lhe que a proposta ibérica de controlo dos preços grossistas no mercado elétrico não irá garantir rendas mínimas para as elétricas nem défices tarifários.
Isto porque a proposta portuguesa e espanhola entregue na Europa a semana passada pressupõe que o próprio sistema elétrico suporte o custo da limitação do preço máximo da eletricidade, para que não cresça com o aumento do gás natural. Assim, este será financiado, “pura e simplesmente”, “através dos ganhos extraordinários e não esperados que o sistema elétrico está a ter”, disse António Costa citado pelo Observador.
Aquele meio de comunicação escreveu ainda que estes são os chamados winfall profits, ou, em português, “lucros do céu”, que a produção renovável encaixa por receber em algumas horas o preço fixado pela tecnologia mais cara, as centrais a gás natural, sem ter de suportar os custos que estas produtoras têm com os combustíveis (o gás) e as licenças de CO2.